Assuntos não tocados
Aquele era mais um dos assuntos não tocados... Questionava-me porque não estaria pronto para ser falado? Talvez não tivesse amadurecido o suficiente. Talvez nunca estaria pronto para ser digerido, compartilhado, mencionado...
Por vezes não era nem percebido, tanto que oculto à espreita se mantinha.
Muitos e muitos tópicos iguais, ou parecidos, com esse, ficam ocultos a vida toda ou quem sabe, se erguem no silêncio, e em algum momento se manifestam.
Questões semelhantes àquelas se amontoavam dentro de si. Não conseguiam aliviar seu íntimo, e seus pés ficavam internamente a lhe pressionar por uma direção.
Não adentrava neles, não eram falados em nenhum momento... permaneciam ocultos. Ele triste na sua realidade se mantinha amarrado.
Escondia verdades, grudava em enormes ilusões, deixava triste a consciência e seguia prostrado no pequeno mundo que enxergava. Com a vida escurecida andava, apático e amorfo se estabelecia e assim permanecia...
Ali ficava a alfinetar o silêncio e construir distâncias. Mundos paralelos se edificavam, cada um no seu persistia, a erigir a dor em que se encontravam, ou melhor, se escondiam.
Colocada de baixo do tapete ela se instalava. Endurecida permanecia presente, assombrando vidas, fazendo surgir intranquilidades, desequilibrando consciências, emergindo solidões.
Era o silêncio que não aprendera a ter voz, não reclamava, não se fazia presente. E nem sabia negociar. Mas ali insistia em estar e tristemente ficar.
Assim, os assuntos não tocados permaneciam, até que o entendimento encontrava seu lugar e seu jeito de se comunicar...
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