A pedagogia evangélica
As páginas do Evangelho são pedagógicas. Quando assumidas na radicalidade são transformadoras e libertadoras. O motivo principal da escrita das páginas do Evangelho é para ser colocado em prática. A leitura do Evangelho leva a uma ressurreição diária. Todo ser humano gostaria de despertar pela madrugada com a convicção de viver o novo dia pleno de vida, de sentido, pelo qual vale a pena consumir todas as energias. O Evangelho de Jesus Cristo aponta esse caminho, de vida plena de sentido.
O sentido da existência humana é uma interrogação que todos carregam consciente ou inconscientemente, implícita ou explicitamente, convivemos 24h por dia com essa interrogação. Essa interrogação pode-se traduzir de várias formas, como vencer o tédio? Qual vocação escolher que dê mais significado aos dias, aos anos, à vida? Como fazer a passagem pela terra que dê sentido profundo a história pessoal? Na verdade, essas interrogações são perguntas pela salvação humana. Neste caso, a salvação humana significa permanecer vivo na história após o desaparecimento do corpo. Para isto, será preciso deixar nos viventes e na história uma viva memória. A viva memória é construída enquanto vivemos na terra, enquanto não morremos.
Fiódor Dostoiéyski (1821-1881), órfão de mãe em 1837 e de pai em 1939, desde sua juventude dedicou-se aos estudos da literatura clássica e em pouco tempo tornou-se um dos maiores escritores da literatura russa. Seus escritos são considerados obras-primas. Entre as obras célebres de Destoiéyski está o romance “Pobre Gente” (1947), das experiências de São Petersburgo nascem as “Recordações da Casa dos Mortos” (1861) e “Memórias do Subsolo” (1864). E das questões políticas, religiosas, sátiras e outras temáticas escreveu: “Crime e Castigo” (1867), “O Idiota” (1868), “Os Demônios” (1972), “Os Irmãos Karamázoy” (1880), entre outras.
Há algo em comum que perpassa suas obras, a pergunta: pelo sentido nesta vida. No centro da literatura de Dostoiéski está a questão da existência humana. Para este escritor o segredo da existência humana não está simplesmente em viver, mas encontrar um motivo para a vida. Isto é, o de fundamental importância, o motivo que faz despertar a cada manhã e investir todas as energias naquilo que realiza o ser humano. Em contrapartida, qual ser humano que já não acordou no meio da noite e sobressaltado de suor e palpitando forte o coração com as questões não resolvidas da melhor maneira possível. Numa sensação que a vida nova ou a ressurreição acontece antes do amanhecer do dia.
A motivação principal da existência é o que aflige o doutor da lei que de joelho pergunta a Jesus: “Bom Mestre, que farei para ganhar a vida eterna”? (Marcos 10,17). A pergunta pelo sentido da vida aflige toda pessoa humana. Ainda que o mestre da lei tenha perguntado pela vida eterna, mas a orientação de Jesus não está para outro lado da morte, para as motivações que sustentam o sentido da existência temporal, o aqui e agora. Na observância do mandamento “não mates, não cometas adultério, não roube, não levante falso testemunho, não defraudes ninguém, honra teu pai e tua mãe” (Marcos 10,19), experimenta-se a ressurreição que ocorre antes da morte. O ganho da vida eterna, o sentido pleno da existência humana, conquista-se antes de enfrentar o último obstáculo, a morte do corpo. O sentido que damos à vida temporal ou terrena imprime marcas profundas na história, quando forem éticas e justas traduzem-se em sinal visível da conquista do eterno.
O ex-ministro da educação, o pastor Milton Ribeiro foi gravado dizendo que montou um esquema ilegal de liberação de recursos, comandado por dois pastores, a pedido do Presidente da República. O caso veio a público pela reportagem do jornal o Estado de São Paulo que denunciou a existência de um gabinete paralelo com poder de apontar quais prefeituras recebiam recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). No comando desse gabinete, estariam dois pastores: Gilmar Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros da Assembleia de Deus no Brasil, e Arilton Moura, seu assessor na entidade. Em suma, três pastores, todos se apresentavam como homens do Evangelho com a finalidade de desviar recursos públicos em prol das próprias igrejas comprometidas com a reeleição do Presidente da República. Convenhamos, verdadeiros cristãos, o Evangelho e a Igreja de Cristo denunciam e contrapõem-se veemente esta prática religiosa corrupta. Aos cristãos, é até desnecessário recordar que o Evangelho de Cristo aponta para outra pedagogia, servir aos últimos por amor e fé, dessa forma, libertando o ser humano de todas as amarras políticas, religiosas e outras.
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